LINHA DO TEMPO 4

SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA 4

Agora sim, nós dois juntinhos no quarto da maternidade, apenas mais dois dias e então  estaríamos em casa…No dia em que fomos para casa Vini fez uma tomografia para última verificação de imagens do cérebro e passou por nova avaliação da neurologista para que a alta pudesse acontecer, e assim aconteceu, a tomografia foi feita e esperávamos ansiosos pelo resultado quando o médico veio nos comunicar que ele estava ótimo, e me lembro exatamente das palavras ditas em seguida: “ Daqui para frente vida normal”, era o que eu mais tinha desejado ouvir…Quanto a avaliação da neurologista, a mesma que tinha feito os testes logo após a retirada da sedação na UTI, as palavras foram as seguintes: “ é um milagre, parece outra criança”…( é, realmente só parecia…).

Mas também me lembro de uma enfermeira da UTI, que veio se despedir de nós no quarto da maternidade, e antes de sair falou: “Agora, conforme as coisas forem aparecendo, vocês vão correndo atrás e cuidando”, confesso que na hora aquilo não fez sentido nenhum para mim, nem dei muita bola, mas algum tempo depois essas foram as palavras mais certeiras que ouvi naquele dia 04 de junho de 2013.

Enfim a alta médica, estávamos indo para casa, de volta a nossa vida “normal”, dar andamento aos planos que tinham sido adiados por 14 dias, afinal de contas um bebê lindo, grande, forte, mamando melhor que qualquer outro recém-nascido, tranquilo, dourado e dito “milagre”, eu só poderia pensar que o pesadelo tinha acabado, que como várias histórias de suspense e angústia já tinha chegado ao final feliz, não que eu não considere uma grande vitória aquilo tudo, mas não era bem assim que eu imaginava…pois nem tudo estava tão perfeito, o misterioso cérebro escondia seus segredos que nem a tomografia pode identificar de forma tão precoce, mas o tempo ia mostrar.

 

Foto: Essa foi a foto que usei para apresentar o Vini aos meus amigos de facebook que estiveram comigo durante os 14 dias de hospital, ele tinha 20 dias.

Nos primeiros meses tudo parecia estar correto, minha alegria infinita e de toda minha família, as roupinhas que imaginei vesti-lo, ele usando o bercinho e o quarto decorado com todo cuidado e carinho, as mamadas intermináveis, os banhos que eu sempre amei dar e os brinquedinhos esperando o olhar e as mãozinhas espertas os alcançarem, mas logo meu coração de mãe e sexto sentido percebia algo diferente, ou melhor, não percebia certas coisas que deveriam estar aparecendo, mas podia ser coisa da minha cabeça, podia ser comparação indevida em relação ao meu primeiro filho, afinal de contas cada ser é único e cada um tem seu tempo, e pior, nem eu queria acreditar no que meu sexto sentido gritava, era inaceitável para uma mãe que tinha saído com seu bebê vitorioso da UTI, com alta sem nenhuma recomendação médica preocupante, cogitar a possibilidade de que não estava tudo bem, seria muito cruel.

O pediatra era o único médico que fazia o acompanhamento de rotina do Vini, até então, e também acreditava que cada criança é de um jeito, que deveríamos apenas observar o Vini por um tempo antes de tirar conclusões. Tempo este que com 7 meses o médico nos encaminhou a um oftalmologista, pois o Vini estava estrábico e a partir daí acabou o meu sossego, as coisas e as necessidades foram aparecendo uma atrás da outra e eu voltei no dia 21 de maio de 2013, e ali fiquei por 4 anos e 3 meses, revivendo aquele que seria um grande dia de alegrias, repassando cada minuto, cada gesto, cada movimento meu, para tentar descobrir onde eu errei, o que tinha dado errado naquilo tudo, de uma gestação tranquila e saudável para um desfecho atordoante, choro e ira fizeram parte daquele tempo, e assim eu me via com pensamentos em looping todas as noites quando deitava a cabeça no travesseiro, tentando achar uma explicação convincente para tudo aquilo que estava acontecendo ao longo de todo esse tempo.

Foram anos cheios de terapias, períodos de segunda a sábado, até duas terapias por dia, uma corrida contra o tempo na busca desenfreada pela “cura” de algo que não tem cura, afinal de contas não é uma doença, é uma condição, e condição agente muda, a gente melhora ou piora, mas não cura. Vini durante todo esse tempo fez, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, equoterapia, hidroterapia, acupuntura auricular e pilates, oftalmologistas, neurologistas, fisiatra, ortopedistas, fez 2 cirurgias para correção do estrabismo, retirou as amigdalas, pois tinha muita amigdalite e isso resultava em muitas ausências em terapias, o que não era bom para sua recuperação, além de muitos antibióticos e febrões que certa vez resultou em convulsão febril, quando ele tinha só 1 ano e 7 meses, foi terrível e de alguma forma isso abalou forte minha fé. Vini também usou andador, usou órtese, usou diversos artifícios fisioterápicos, fez aplicação de botox 4 ou 5 vezes, usou tampão ocular, começou a usar óculos e passou por uma cirurgia ortopédica, essa última em janeiro de 2018. Vida intensa e agenda lotada desde pequeno, e assim é até hoje, porém com mais foco e assim algumas coisas foram alteradas da agenda para alcançar um melhor e mais rápido resultado.

Foi o próprio Vini, me mostrando suas capacidades e habilidades, ao longo daqueles 4 anos e 3 meses, diante de tanta dificuldade, que aos poucos me fez parar de querer achar naquele dia uma explicação para o inexplicável e somente querer seguir em frente vencendo dia a dia os obstáculos que nos são impostos até hoje. Eu não tinha feito nada errado.

Como citei anteriormente, minha fé foi abalada, difícil trilhar esse caminho tendo a revolta sempre no seu limiar, num momento de grande provação eu sucumbi e resolvi continuar sozinha, sem fé, o que foi mais difícil ainda. Mesmo assim, por quase 2 anos, eu me negava pedir ajuda a Alguém que teria permitido tudo aquilo que eu e meu filho estávamos passando. Mas esse tempo foi necessário para muita reflexão e para retornar com minha fé mais forte e renovada, com muitas dúvidas esclarecidas e reconhecimento do amor de Deus por mim e por meu Vini, foi difícil caminhar sozinha, embora hoje eu saiba que Ele não me deixou em momento algum naqueles quase 2 anos.

Hoje conheço meu Deus que me ajuda a encontrar o caminho melhor, as pessoas certas, os tratamentos mais eficientes para o Vini, o melhor para cada momento da vida do Vini e da minha, hoje sei que determinadas coisas não teriam tal efeito se conhecidas ou feitas em outro momento, o que está acontecendo agora é o que deve ser, talvez se tivesse descoberto antes esse método de fisioterapia que hoje está fazendo tão bem ao Vini poderia ter me poupado muito desgaste físico e psicológico, talvez sim, mas também entendo que talvez nem o Vini e nem mesmo eu tivéssemos maturidade suficiente para encarar tal tratamento, enfim, nunca vamos saber, mas a certeza que hoje temos do bem que estamos alcançando com o tratamento atual supera tal questionamento, que às vezes insiste em vir à tona.

A conclusão que chego em relação a tudo isso é que estamos no caminho certo, e hoje mais do que nunca não estamos sozinhos nessa, nossa caminhada hoje é formada por mais de 1500 pessoas que resolveram caminhar com o Vini e por isso estamos aqui e seguiremos até o final juntos colhendo os frutos de toda nossa dedicação e dedicação do próprio Vini que sabe muito bem onde quer chegar.

Abaixo post do dia da alta 04 de junho de 2013

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